Há quem diga que a verdadeira felicidade só se atinge à custa de alguma ignorância, mas talvez o inverso também seja verdade. Pelo menos a julgar pelas palavras de Michel Platini, em entrevista ao diário espanhol Mundo Deportivo, na qual o

presidente da UEFA confessava não estar nada contente com a inclusão do FC Porto na Liga dos Campeões. E afinal porque está tão infeliz o ex-internacional francês? Porque, diz ele, nenhum clube que tenha sido sancionado pela sua Federação ou pela UEFA por corrupção pode participar numa competição europeia. Ora aí está.
Michel Platini ignora que o FC Porto não foi sancionado pela Federação Portuguesa de Futebol. E ignorando isso, ignora que
esse foi precisamente um dos argumentos para o Comité de Apelo anular a primeira decisão da Comissão de Controlo e Disciplina da UEFA, permitindo assim a participação do FC Porto na Liga dos Campeões. De resto, também parece ignorar que a Juventus - onde, apenas por coincidência, jogou durante a sua longa carreira de futebolista - foi, ela sim, sancionada pela respectiva Federação, tendo, no entanto, escapado à justiça da UEFA. Aliás, Michel Platini ignora tanta coisa e de forma tão veemente que, se a felicidade dependesse da ignorância, o presidente da UEFA deveria ser tão genuinamente feliz como o proverbial idiota da aldeia em dia de romaria. Mas não é.
E isso é triste.
Jorge Maia
# crónica publicada no diário desportivo O JOGO em 27Jun2008.Vou ser lacónico. Algo está fétido, no organismo que tutela o futebol europeu, quando o seu máximo dirigente resolve ir contra o seu próprio órgão judicial a favor de uma fábula popular encarnada muito mal sustentada. A presunção de inocência é, e deveria ser, sempre assegurada pelo clube contra este tipo de ataque inquisitório selectivo, com uma reacção enérgica e esclarecedora, sobre o processo em curso. É inconcebível que se denigra a imagem de um clube com a leviandade, ignorância e desonra -
imposta e patrocinada pela comunicação social - numa clara e inequívoca atitude persecutória do presidente da UEFA, sedento de uma justiça cega e obscura de modo a reforçar a sua autoridade com tiques de medievalismo. Reforçando e corroborando com o artigo publicado:
É triste.
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